dias azuis

algo me diz que o dia hoje vai ser bom. "vens ter connosco, mãe??" "vou!", e através do telefone percebo os sorrisos colados.

enquanto não vou inalo o silêncio da casa e o fresco da manhã e preparo o dia; saúdo o sol  ainda em jejum e deixo que o canto dos pássaros que chegam ao meu jardim se dissipem no meu pensamento. tenho tempo. deambulo sózinha pela casa, saboreio a minha calma. o que eu gosto destes dias azuis, destas horas que me dedico a mim e em que percorro o meu eu de forma algo intensa. olho-me, aprecio-me, sonho. depois deixo que a roupa fluída me assente no corpo, ("gosto dessas calças largas,mãe, foi as que trouxeste da Índia?"); espalho leves gotas desse perfume que me deste enquanto olho pela janela e vejo a manhã a ganhar forma. no final atiro mais um leve olhar no espelho e saio finalmente para o borborinho da rua. ao encontro dessa vida que se passa lá fora.