sexta-feira, 23 de abril de 2010

doce beijo



baixou a cortina para que o sol não batesse tão forte na sua sala, uma sala ampla com sofás brancos e prateleiras repletas de livros. também algumas fotografias espalhadas, fotografias dela, somente dela, em imagens felizes e a preto e branco revelando uma cara sorridente e em que sobressaíam os olhos, uns olhos escuros e intensos em forma de avelã.

estirou-se no seu sofá de eleição, já com a sala protegida do sol, deixou ecoar keith jarret como música ambiente e fechou os olhos. fechou os olhos para poder imaginar um beijo dele. naquele momento apetecia-lhe senti-lo, já não estava com ele há uma imensidão de dias e essa ausência de encontros deixava-a quase sufocada. por vezes pensava em ligar-lhe, simplesmente ligar-lhe para lhe dizer “olá, tudo bem?”. mas depois recuava e achava que esse olá iria parecer patético, vazio de sentido.

restava-lhe, então, como sempre acontecia, imaginá-lo. imaginá-lo ao pé dela, a beijá-la. a beijá-la com força e também de forma suave, num beijo que a fazia esquecer o mundo e os dias e toda a impossibilidade de aquele beijo acontecer, imaginando ainda a mão suave dele, tocando-a e mimando-a na face como se a quisesse levar com ele.....

era assim que ela o imaginava. doce e terno e meigo, e cheio de romantismo. ela que era uma tonta de uma romântica e que vivia platonicamente uma paixão impossível ..... 

o toque súbito do telemóvel trouxe-a de regresso à realidade. saltou do sofá e dos seus sonhos e tentou com muita força deixar de pensar nele, e nesse beijo praticamente impossível. porque ele próprio, assim como ele e ela juntos era uma realidade quase impossível de um dia acontecer.

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