quarta-feira, 3 de março de 2010

Um dia...



photo daqui

Carregou o i-pod e saiu. Saiu de casa sem saber para onde ia ou que direcção tomar, apenas se seguiu a si própria não deixando que as mesmas ruas de todos os dias lhe parecessem rotinas nem que o frio cortante daquela manhã a detivesse.
Caminhava a passos ritmados, ao som da música aleatória que a ia envolvendo, e caminhava com uma única certeza: ver o mar.

Era assim todos os dias: fosse a caminhar, ou a fazer um jogging, o percurso era indiferente desde que passasse pelo mar. Era como se a brisa e a visão marítima fossem o seu elixir matinal.
Quando o mar já tinha surfistas, então as passadas abrandavam e o olhar perdia-se nas ondas surfadas e nos pontos negros que ao longe via deslizar.

Hoje assim foi. Apesar de ser muito cedo já se viam três ou quatro surfistas e ela parou. Parou simplesmente para os ver e para dar com ela mesma a lutar contra uma pequenina inveja daquele prazer desmesurado que ela sabia que os surfistas têm quando estão no mar. “não pode haver prazer maior” pensou, “não pode haver maior sensação de liberdade e de bem-estar do que essa de estar a surfar uma boa onda”.

Sorriu para si própria e para o mar e retomou a caminhada. No percurso que fez de regresso a casa, agora já em ritmo de jogging, foi todo o tempo a repetir de si para si que ia começar a surfar.

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